sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Como Controlar a Raiva

(publicado por Morty Lefkoe em 14/04/2010)

Existem milhões de pessoas que são aterrorizadas de experienciar suas próprias raivas ou de estarem na presença da raiva dos outros. Muitas pessoas entram em contato com esta raiva na terapia ou em algum tipo de curso de crescimento pessoal e milhões nunca o fazem.

Além do fato de que suprimir sua raiva é suprimir uma parte de si mesmo – em outras palavras, tornar uma parte de você desconhecida para você – a raiva suprimida tem sido relacionada com sérias doenças, especialmente doenças cardíacas.

Portanto se você quer descobrir porque nossa raiva é tão assustadora que precisamos ocultá-la, até de nós mesmos e se quisermos ser capazes de experienciar a raiva sem medo, continue lendo e deixe-me explicar como podemos fazer isto.

A Fonte Primária de Nosso Medo

A fonte primária de nosso medo da raiva reside em três crenças e dois condicionamentos específicos. As crenças são: “Confrontar é perigoso”, “Se eu ficar com raiva eu perderei o controle” e “ A raiva é perigosa”. Os condicionamentos são: medo associado com raiva e medo associado com a confrontação. Pode haver diversas outras crenças e condicionamentos relevantes, mas é a minha experiência que quando estas cinco tiverem sido eliminadas, a maioria do medo que temos de nossa própria raiva e da raiva dos outros terá desaparecido.

A fonte destas cinco crenças e condicionamentos é quase sempre uma infância onde um ou ambos os pais frequentemente demonstravam raiva extrema. (explicarei num minuto porque algumas pessoas frequentemente expressam raiva). Se ficávamos aterrorizados com a raiva de nossos pais quando criança, a reação típica reside nas cinco crenças e condicionamentos que listei.

Agora e com relação àquelas pessoas que não temem a raiva, mas que elas próprias são muito raivosas e expressam esta raiva como abuso verbal ou físico? Qual é a fonte disto?

Pessoas que Ficam Raivosas Facilmente

Crianças querem afeição, atenção e reconhecimento. Quando elas repetidamente não conseguem obter o que elas querem, provavelmente se sentirão impotentes. Da mesma forma, ao ouvirem frequentemente: “Faça-o porque eu estou mandando e pronto” pode produzir o mesmo sentimento. Isto conduz à crença “Eu sou impotente”.

Esta é uma crença básica de autoestima que nos faz sentir sem controle e inseguros, porque se somos impotentes então não temos a habilidade de fazer o que achamos que precisa ser feito. Em outras palavras, em um nível subsconsciente sabemos que nossa sobrevivência está em questão.

Quando formamos uma crença como esta enquanto criança, precisamos encontrar alguma maneira de lidar com a permanente ansiedade que ela produz. Quando formamos uma crença de autoestima negativa quando criança, precisamos desenvolver alguma estratégia para lidar com ela. Por exemplo, se concluímos “Eu não sou bom o suficiente ou importante”, a estratégia de sobrevivência mais comum é a crença: “O que me torna bom o suficiente e importante é fazer pessoas pensarem bem de mim”.

E a estratégia de sobrevivência formada mais frequentemente quando alguém conclui “Eu sou impotente” é “A maneira de estar no controle é ter tudo exatamente da maneira que eu quero que seja”.

Pense nisto por um momento. Imagine que você precisasse que tudo fosse exatamente da maneira que você queria para se sentir no controle. E se as coisas não fossem exatamente da maneira que você quisesse que elas fossem – ou se alguém não lhe desse ouvidos – você se sentiria impotente, o que levaria à uma profunda ansiedade. O que aconteceria quando alguém ou algo o impedisse de ter as coisas da maneira que você quisesse que elas fossem?

Você sentiria muita raiva, provavelmente ódio. Você sentira raiva de quem, ou do que quer que você achasse que o estivesse fazendo se sentir impotente. E se fosse um filho ou esposa/esposo, o ódio pode facilmente se tornar em abuso verbal ou físico.

Se você formar a crença “Eu sou impotente” e nunca formar a crença de estratégia de sobrevivência, em vez de explodir de raiva é provável que você se torne uma “vítima” típica. Você estará sempre falando sobre o que as pessoas e os eventos estão “fazendo comigo” e você permitirá que as pessoas se aproveitem de você.

Baseado em mais de 25 anos de experiência estou agora bastante certo de que por debaixo de toda raiva existe um senso de impotência, porque se você pudesse fazer algo sobre a situação você não se sentiria com raiva. E se as duas crenças mencionadas acima fossem eliminadas, uma grande parte da raiva da pessoa seria dissipada.

É impressionante pensar que meramente se livrar de uma poucas crenças e condicionamentos poderia minimizar uma das maiores fontes de doenças cardíacas e livrar-se de umas poucas mais poderia parar com o epidêmico abuso de crianças e cônjuges. Só mais um exemplo do poder das crenças em nossas vidas.